Top blogs de receitas

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Posso escrever os versos mais tristes esta noite. Pablo Neruda

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.

Escrever, por exemplo: “A noite está estrelada,
e tiritam, azuis, os astros lá ao longe”.

O vento da noite gira no céu e canta.

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Eu amei-a e por vezes ela também me amou.

Em noites como esta tive-a em meus braços.
Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito.

Ela quis-me e por vezes também eu a queria.
Como não ter amado os seus grandes olhos fixos.

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Pensar que não a tenho. Sentir que a perdi.

Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela.
E o verso cai na alma como no pasto o orvalho.

Importa lá que o meu amor não pudesse guardá-la!
Está estrelada a noite e ela não está comigo.

Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe.
A minha alma não se contenta com tê-la perdido.

Como para aproximá-la, o meu olhar procura-a.
Meu coração procura-a e ela não está comigo.

A mesma noite que faz branquejar as mesmas árvores.
Porém, nós já não somos os mesmos desses dias.

Já não a amo, é certo, mas quanto a amei!
Minha voz buscava o vento para tocar os seus ouvidos.

De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos.
A sua voz, o seu corpo claro. Os seus olhos infinitos.

Já não a amo, é certo, mas talvez ainda a ame.
É tão breve o amor e tão longo o olvido.

Porque em noites como esta tive-a nos meus braços,
Minha alma não se conforma com tê-la perdido.

Embora esta seja a última dor que ela me causa,
E estes sejam os últimos versos que lhe escrevo.

Versão original

Puedo escribir los versos más tristes esta noche.

Escribir, por ejemplo: “La noche esta estrellada,
y tiritan, azules, los astros, a lo lejos”.

El viento de la noche gira en el cielo y canta.

Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Yo la quise, y a veces ella también me quiso.

En las noches como ésta la tuve entre mis brazos.
La besé tantas veces bajo el cielo infinito.

Ella me quiso, a veces yo también la quería.
Cómo no haber amado sus grandes ojos fijos.

Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Pensar que no la tengo. Sentir que la he perdido.

Oír la noche inmensa, más inmensa sin ella.
Y el verso cae al alma como al pasto el rocío.

Qué importa que mi amor no pudiera guardarla.
La noche está estrellada y ella no está conmigo.

Eso es todo. A lo lejos alguien canta. A lo lejos.
Mi alma no se contenta con haberla perdido.

Como para acercarla mi mirada la busca.
Mi corazón la busca, y ella no está conmigo.

La misma noche que hace blanquear los mismos árboles.
Nosotros, los de entonces, ya no somos los mismos.

Ya no la quiero, es cierto, pero cuánto la quise.
Mi voz buscaba el viento para tocar su oído.

De otro. Será de otro. Como antes de mis besos.
Su voz, su cuerpo claro. Sus ojos infinitos.

Ya no la quiero, es cierto, pero tal vez la quiero.
Es tan corto el amor, y es tan largo el olvido.

Porque en noches como esta la tuve entre mis brazos,
mi alma no se contenta con haberla perdido.

Aunque éste sea el último dolor que ella me causa,
y éstos sean los últimos versos que yo le escribo.


Vinte poemas de amor y una cancion desesperada
Pablo Neruda

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe seu comentário se quiser mas maneire na linguagem. Eu aceito críticas educadas. Eu ADORO elogios. Eu sou humana.